sábado, 6 de dezembro de 2025

Pregador ou Contador de Histórias? – O Perigo de Desviar a Mensagem do Púlpito

 


Pregador ou Contador de Histórias? – O Perigo de Desviar a Mensagem do Púlpito

Nos últimos anos, um fenômeno tem se tornado cada vez mais comum nos púlpitos: pregadores que, ao invés de expor as Escrituras com clareza, passam a maior parte do tempo contando histórias pessoais, relatando experiências emocionais, tentando arrancar risos da plateia ou até mesmo tecendo críticas a outros ministérios. É como se a oportunidade preciosa – e séria – de pregar a Palavra do Senhor tivesse se tornado uma vitrine para carisma, criatividade ou autopromoção.

Não é que testemunhos sejam maus, nem que uma breve ilustração não possa enriquecer uma mensagem. O problema surge quando o sermão é construído em torno do pregador, e não da Escritura. Quando a mensagem deixa de ser um “Assim diz o Senhor” para se tornar um “Deixem-me contar o que aconteceu comigo”. Quando o púlpito, que deveria ser um lugar de reverência, se torna um palco.

E isso é grave.

O púlpito não é um programa de auditório

Programas como o Crente Inteligente – que têm a proposta de informar, admoestar, despertar e até entreter – naturalmente utilizam histórias, críticas bem fundamentadas e linguagem mais leve quando o assunto pede. Essa é a proposta. É o formato. É o ambiente certo para essa abordagem.

Mas púlpito não é programa.

Púlpito é campo santo.

No púlpito, espera-se que a Escritura seja o centro, que o pregador seja apenas um instrumento e que Cristo seja o destaque. Ali, o povo de Deus não está reunido para ouvir o senso de humor do pregador, nem para conhecer seus feitos, traumas ou glórias; está reunido para ouvir a voz de Deus por meio da Palavra de Deus.

Quando o conteúdo pessoal substitui o bíblico

Quando o pregador passa mais tempo falando de si mesmo do que das Escrituras, três coisas acontecem:

1. A igreja deixa de ser alimentada

Experiências pessoais não substituem doutrina, exortação, ensino, correção e consolo bíblico. São como aperitivos servidos no lugar da refeição principal.

2. O foco se desloca

O púlpito começa a girar em torno da figura do pregador. E onde o homem é engrandecido, Cristo é ofuscado.

3. A oportunidade é desperdiçada

A chance de abrir a Bíblia, confrontar o pecado, consolar os aflitos e anunciar o evangelho é perdida. E isso é algo pelo qual todo pregador responderá diante de Deus.

Pregadores que estudam e oram nunca ficam sem mensagem

Há quem se apoie em histórias porque tem pouca familiaridade com as Escrituras. Mas nenhum pregador que ora, estuda e vive a Palavra fica sem conteúdo. A Bíblia é inesgotável. Sempre há advertência, consolo, promessa, doutrina, sabedoria e direção.

A falta de foco bíblico não é falta de assunto. É falta de preparo ou falta de prioridade.

O púlpito clama por seriedade

Vivemos dias em que o entretenimento domina, e muitas igrejas cedem à pressão de tornar tudo “leve”, “agradável”, “divertido”. É compreensível que programas de rádio e conteúdo digital naveguem por esses formatos – há espaço legítimo para isso, desde que feitos com responsabilidade cristã.

Mas uma coisa é entreter quando o formato permite.

Outra coisa é transformar o púlpito num espetáculo.

O púlpito exige gravidade, reverência, compromisso com a verdade e fidelidade ao texto bíblico. Ali, não há espaço para vaidade, disputas, brincadeiras forçadas ou apresentações pessoais.

O chamado é simples: voltemos à Palavra

A igreja não precisa de celebridades. Precisa de pregadores que abram a Bíblia.

Precisa de homens que digam o que muitos não querem ouvir, mas precisam ouvir.

Precisa de servos que entendam que o púlpito não é uma oportunidade para causar boa impressão, mas para anunciar o evangelho com convicção.

Histórias podem ilustrar, mas não podem conduzir. Testemunhos podem somar, mas não podem substituir. Humor pode aliviar, mas não pode guiar.

Cristo deve ser o centro. Sempre.

E todo pregador que ama a Deus e ama a igreja sabe disso.


terça-feira, 4 de novembro de 2025

Empresários da Fé: Quando o Evangelho Vira Produto

 



Empresários da Fé: Quando o Evangelho Vira Produto



Quando uma alma se rende a Cristo, parece que o céu abre as janelas e derrama luz como manhã depois de tempestade. Há festa, há canto, há esperança. Poucas coisas brilham mais que o brilho no rosto de alguém que encontrou a Verdade e o Caminho.

Mas que dor amarga é ver, logo depois, que tantos desses “convertidos” não buscam cruz, arrependimento e serviço, e sim palco, produto e faturamento. Não se vê fruto de transformação, só o lucro como norte. Em vez de Bíblia surrada e joelho calejado, vemos ring light, slogan pronto e “mentoria de avivamento” por assinatura mensal.

O mercado da fé virou vitrine digital. Proliferam “empreendedores ungidos”, oferecendo chave, código, manto, desbloqueio, experiência, conferência VIP, tudo com botão de compra piscando como letreiro de neon. Parece o surto das locadoras de VHS ou das pizzarias de bairro de décadas atrás: onde o povo correu, a ambição correu mais rápido. Só que agora não se vende pizza, vende-se promessa; não se aluga filme, aluga-se espiritualidade por parcelas.

A tristeza maior não é a esperteza de quem monta essa feirinha gospel. A tristeza maior é a cegueira de tantos que seguem batendo palmas, compartilhando, comentando, dando engajamento como quem bombeia gasolina no tanque do engano. Ficam eletrizados por frases bonitas e câmeras bem posicionadas, enquanto a verdade bíblica grita abafada no fundo.

E enquanto isso, o pregador sincero, que carrega sua Bíblia e uma toalhinha dentro da mochila, anda de ônibus, pega poeira na estrada, ora para ter o valor da passagem e o pão do dia. Ele prega para vinte pessoas numa congregação esquecida, enquanto o “influenciador do altar” faz check-in em hotel de luxo.

Mas Deus vê. O Deus que pesou o coração de Faraó e contou as lágrimas de Ana não perdeu seu olhar. Ele não troca o secreto pela vitrine. Ele não falha com quem o busca de verdade.

O mercado pode subir e descer como maré. Os “empresários da fé” podem colecionar seguidores como moedas. Mas aquele que semeia com sinceridade colhe no tempo certo. O Senhor ainda sustenta o humilde, ainda exalta o fiel, ainda honra o servo que dobra o joelho longe das câmeras.

Não se escandalize, leitor. Não se canse. Não desista. O Cristo que purificou o templo com cordas nas mãos continua purificando corações e derrubando mesas. A fidelidade dele não falha, e quem o busca de coração jamais fica desamparado.

Samuel Souza
Diretor da Rádio Pavio Que Fumega


terça-feira, 28 de outubro de 2025

O Altar Não Tem Sobrenome

 


“O Altar Não Tem Sobrenome”

(Um alerta sobre o nepotismo que disfarça herança de sangue em chamado divino)



Há coisas que o tempo aceita com naturalidade — e há outras que o tempo deveria ter vergonha de aceitar.


É normal que um pai deixe sua empresa para o filho, afinal, o patrimônio é dele. É compreensível que um artista tente empurrar o filho para o palco — ainda que o talento não acompanhe o DNA. É previsível ver um político preparando o herdeiro para o mesmo palanque. Mas o que não dá para compreender — nem com teologia torcida nem com retórica piedosa — é ver o altar sendo tratado como cartório de herança.

Quando o púlpito vira propriedade

Deus chamou Moisés. Depois, escolheu Josué. Nenhum deles herdou o cajado do pai — herdaram o encargo de Deus. Mas hoje, em muitas igrejas, o cajado já vem com etiqueta de família: “De pai para filho”. E o altar, que deveria ser lugar de lágrimas, se transforma em um escritório de sucessão.

Parece forte? Pois é. Mas é isso mesmo: o púlpito deixou de ser monte de adoração para virar negócio de família. Filhos, esposas, sobrinhos, genros e noras desfilam cargos e títulos com a mesma facilidade com que se trocam chaves de um empreendimento. E o povo — que deveria discernir — se cala, confundindo honra espiritual com submissão cega.


Quando o sangue pesa mais que o Espírito

A lógica do nepotismo é simples: quem manda quer perpetuar o próprio poder.
Mas a lógica do Reino é oposta: quem manda, serve; quem sobe, se curva; quem tem, reparte.

“Porque o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir.” (Marcos 10:45)

O que dizer, então, quando ministérios passam a ter o rosto da família e não o rosto de Cristo? Quando o nome na fachada da igreja importa mais do que o Nome sobre todo nome?
(Fl 2:9)

O Evangelho não precisa de herdeiros — precisa de enviados. E o chamado não corre em veia de sangue, mas no sopro do Espírito.


O constrangimento dos que percebem, mas calam

Há quem perceba, sim. Mas aprendeu a engolir seco. Aprendeu que “questionar” é sinal de rebeldia, e que toda crítica soa como afronta à unção. Criou-se um medo quase supersticioso: “se eu tocar no ungido, Deus me castiga”.
Mas tocar não é o mesmo que discernir. E quem fecha os olhos para o erro, em nome da reverência, pratica idolatria disfarçada de respeito.

“Examinai tudo. Retende o bem.” (1 Tessalonicenses 5:21)

Examine. Questione. Ore. Pois há “ungidos” que foram chamados, e há outros que foram herdados.


A teologia da conveniência

O mais assustador é ver teólogos e pastores maduros, homens outrora zelosos, agora justificando o injustificável. Dizem que “é normal”, que “Deus também usa famílias”, que “é bom manter a linhagem do ministério”. Mas o que era um desvio, agora virou doutrina informal.
E o que era vergonha, virou modelo. No fundo, é simples: quem tem o poder, quer garantir o trono.
Quem tem o microfone, quer garantir o eco. E quem tem a igreja, quer garantir o sobrenome na placa. Só esqueceram de uma coisa: a Noiva não é herança de família. É propriedade exclusiva do Cordeiro.


Um alerta com amor e temor

Samuel não conseguiu manter seus filhos fiéis. E foi justamente o nepotismo espiritual que abriu caminho para o povo pedir um rei terreno (1 Samuel 8).


Quando o ministério vira dinastia, Deus é trocado por estrutura. E quando o altar se torna empresa, o Espírito se retira em silêncio.

Mas ainda há tempo. Tempo de arrependimento, de humildade, de quebrantamento. Tempo de lembrar que o Reino não é construído com herdeiros, mas com servos.

“Quem quiser ser o primeiro, seja o servo de todos.” (Marcos 9:35)

Que os olhos da Igreja se abram novamente. Que o altar volte a ser santo, e não hereditário.
Que o nome gravado no púlpito volte a ser Jesus Cristo — o único digno de herdar tudo.


Conclusão: o altar não tem sobrenome

No fim, o nepotismo não é apenas erro administrativo — é heresia silenciosa. Ele transforma o Reino em feudo, o chamado em carreira, e o altar em propriedade particular. Mas o altar, querido irmão, não tem sobrenome. Tem dono.
E o dono não divide Sua glória com ninguém (Isaías 42:8).

Que essa verdade incomode, desperte e purifique. Pois melhor é ser servo no Reino, do que herdeiro de um púlpito vazio da presença de Deus.

sábado, 25 de outubro de 2025

O Silêncio dos Púlpitos

 


OS TEMAS QUE OS PREGADORES NÃO PREGAM MAIS — E O PERIGO DESSA OMISSÃO

Um chamado ao retorno à Palavra, com amor, temor e reverência ao Senhor Jesus Cristo

📖 Editorial Pavio Que Fumega

“Porque não deixei de vos anunciar todo o conselho de Deus.”
(Atos 20:27)


Introdução

Há uma preocupação crescente entre os servos fiéis: por que tantos pregadores têm deixado de anunciar as verdades mais fundamentais do Evangelho?
Os púlpitos, que deveriam ecoar arrependimento, santidade e cruz, muitas vezes se transformaram em plataformas de discursos motivacionais e promessas terrenas.
O que era altar virou palco. O que era palavra profética, virou entretenimento.

Com amor e temor, este texto é um alerta — não em tom de acusação, mas de chamado ao arrependimento e retorno à pureza da pregação bíblica.


1. Os temas esquecidos

Em muitas igrejas, palavras como pecado, arrependimento, santidade, juízo eterno, inferno, renúncia, cruz e volta de Cristo desapareceram dos sermões.
No lugar delas, surgiram mensagens de autoestima, prosperidade, propósitos pessoais e vitórias terrenas.

O apóstolo Paulo já advertia sobre esse tempo:

“Virá tempo em que não suportarão a sã doutrina... amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências.”
(2 Timóteo 4:3)

Não é que falar de bênção seja errado, mas omitir a verdade do pecado é trair o evangelho. A graça só é compreendida quando se entende a gravidade da culpa.


2. Motivos escusos por trás do silêncio

Nem sempre o silêncio é inocente. Muitos deixam de pregar certas verdades por motivos preocupantes:

  • Temor de perder membros ou seguidores;

  • Desejo de popularidade e aceitação pública;

  • Dependência financeira do aplauso humano;

  • Falta de vida devocional e discernimento espiritual.

Jesus foi claro:

“Ai de vós, quando todos os homens falarem bem de vós...”
(Lucas 6:26)

O verdadeiro pregador não ajusta o sermão à plateia — mas ao Espírito Santo. Pregar o que agrada pode gerar aplauso, mas pregar o que é verdadeiro gera arrependimento e vida eterna.


3. O perigo para o pregador

O profeta Ezequiel foi advertido por Deus:

“Quando eu disser ao ímpio: Certamente morrerás; e tu não o avisares... o seu sangue da tua mão o requererei.”
(Ezequiel 3:18)

O pregador que se cala diante do pecado torna-se cúmplice do erro.
Ele pode até manter boa reputação entre os homens, mas perde a aprovação do Céu.
O ministério sem unção é apenas oratória vazia. A autoridade espiritual só permanece sobre quem fala o que Deus manda, e não o que o povo deseja ouvir.


4. O perigo para as ovelhas

O povo alimentado por mensagens superficiais torna-se fraco, emocional e sem raízes.
Sem ouvir sobre o pecado, não há arrependimento.
Sem arrependimento, não há novo nascimento.
Sem novo nascimento, não há salvação.

Jesus alertou:

“Se o cego guiar o cego, ambos cairão na cova.”
(Mateus 15:14)

Há igrejas lotadas e corações vazios. Louvor alto, mas pouca santidade. Muita emoção, mas pouca transformação.
E o perigo maior é que muitos julgam-se salvos — sem nunca terem se arrependido de fato.


5. Um chamado urgente ao retorno

A igreja precisa de volta os pregadores que choram entre o alpendre e o altar (Joel 2:17).
Homens e mulheres que pregam por amor à verdade, não por vaidade.
Que preferem perder o púlpito, mas não perder a presença do Espírito Santo.

“E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.”
(João 8:32)

A verdade às vezes fere, mas sempre cura.
O Evangelho sem confronto é um engano; o Evangelho sem cruz é apenas filosofia humana.


Conclusão

O silêncio diante do pecado é a mais perigosa das pregações.
Pregar o que o povo quer ouvir é fácil; pregar o que o povo precisa ouvir é prova de fidelidade.

“Pregue a palavra, insta a tempo e fora de tempo, redargue, repreenda, exorte, com toda longanimidade e doutrina.”
(2 Timóteo 4:2)

Que o Senhor levante novamente pregadores do arrependimento, voz que clama no deserto, sentinelas do tempo do fim.
Que a chama do altar não se apague, e que os púlpitos voltem a ser lugar de verdade, temor e poder do Espírito Santo.


✝️ Rádio Pavio Que Fumega — A rádio para quem tem saudades de Sião.
📖 “Voltando ao Evangelho da Cruz, ao som dos louvores que marcaram gerações.”



quinta-feira, 23 de outubro de 2025

Por que a Rádio Pavio Que Fumega não anuncia produtos com eficácia não comprovada

 



Por que a Rádio Pavio Que Fumega não anuncia produtos com eficácia não comprovada


A Rádio Pavio Que Fumega reafirma seu compromisso com a verdade, a ética e o testemunho cristão em tudo o que faz — inclusive na escolha dos conteúdos e anúncios que veicula.
Por essa razão, informamos que não aceitamos a divulgação de produtos ou serviços cuja eficácia não seja devidamente comprovada por fontes sérias e responsáveis.

Nosso ministério entende que anunciar o que não se pode confirmar é colocar em risco a confiança do nosso público e, pior ainda, macular o testemunho do Evangelho que defendemos.
A Bíblia nos ensina que:


“Os lábios mentirosos são abomináveis ao Senhor, mas os que agem fielmente são o seu deleite.”
(Provérbios 12:22)

A fé cristã é edificada sobre a verdade. Por isso, nossa rádio não pode — e não vai — associar seu nome a promessas enganosas, curas duvidosas ou soluções milagrosas sem comprovação.
Anunciar algo que possa enganar o ouvinte seria ferir o princípio do amor ao próximo (Mateus 22:39) e comprometer a credibilidade do ministério.

A Pavio Que Fumega existe para edificar vidas, não para explorar a confiança dos que nos ouvem. Nosso propósito é proclamar o Evangelho com reverência, simplicidade e fidelidade — inclusive nas decisões comerciais que tomamos.


“Mais digno de ser escolhido é o bom nome do que as muitas riquezas.”
(Provérbios 22:1)

Assim seguimos, convictos de que a integridade vale mais do que qualquer lucro e que honrar o nome de Cristo é a nossa maior prioridade.

📻 Rádio Pavio Que Fumega
A rádio para quem tem saudades de Sião.




terça-feira, 21 de outubro de 2025

Testemunho ou Tristemunho?


 

Testemunho ou Tristemunho?

Reflexão bíblica sobre o verdadeiro propósito de glorificar a Deus

Introdução

O momento do testemunho nas igrejas evangélicas sempre foi uma oportunidade preciosa para edificar os irmãos e glorificar a Deus. É o espaço onde se compartilha a ação de Deus em nossas vidas e o poder transformador da fé. Contudo, tem se tornado comum observar pessoas que transformam esse momento em longos relatos de sofrimento e tragédias, deixando o agir de Deus em segundo plano. O resultado é que, em vez de saírem edificados, os ouvintes saem entristecidos, carregando mais dor do que fé. Surge, então, o que podemos chamar de “tristemunho” — um relato que mais entristece do que testemunha.


O perigo do foco errado

O apóstolo Paulo nos ensina em Filipenses 4:8:

“Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai.”

O foco do testemunho deve ser a glorificação de Deus, e não o detalhamento exaustivo do sofrimento. Quando alguém usa 95% do tempo descrevendo dificuldades e apenas 5% exaltando a intervenção divina, o testemunho perde o seu verdadeiro propósito.

Em vez de “testemunho”, surge o “tristemunho”, no qual a tristeza domina o ambiente e a glória de Deus se perde no meio dos detalhes desnecessários.


O verdadeiro propósito do testemunho

Jesus deixou claro em Mateus 5:16:

“Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus.”

O testemunho tem como objetivo central glorificar a Deus. O sofrimento pode ser mencionado, mas o destaque deve ser o livramento, a cura, a restauração. O apóstolo Paulo, ao relatar suas prisões e provações, sempre encerrava glorificando Cristo:

“Mas em todas estas coisas somos mais do que vencedores, por aquele que nos amou.” (Romanos 8:37)

Ele falava das dificuldades, mas terminava com vitória e louvor.


O risco da autopiedade espiritual

Relatos extensos de sofrimento podem ser uma forma disfarçada de buscar atenção. A pessoa deseja que os outros sintam pena, em vez de glorificar a Deus. Esse comportamento desloca a adoração do Senhor para o próprio “eu”.

João Batista nos lembra em João 3:30:

“É necessário que Ele cresça e que eu diminua.”

Quando damos mais espaço à dor do que à glória de Deus, fazemos exatamente o contrário: diminuímos Cristo e exaltamos o sofrimento.


Como testemunhar biblicamente

Para que o testemunho seja edificante e glorifique a Deus, é importante:

  1. Ser breve nos detalhes do sofrimento — apenas o necessário para contextualizar.

  2. Dar ênfase no agir de Deus — mostrar como Ele interveio, curou, salvou ou restaurou.

  3. Relacionar com a Palavra — conectar a experiência com princípios bíblicos que fortalecem a fé.

  4. Glorificar o Senhor — terminar exaltando o nome de Deus, não a própria superação pessoal.


Conclusão

O verdadeiro testemunho é aquele que faz a igreja olhar para cima, e não para baixo. Ele deve deixar no coração dos ouvintes a certeza de que Deus ainda faz milagres. O “tristemunho”, por outro lado, gera desânimo e tristeza espiritual.

Se Deus operou em sua vida, compartilhe com alegria! Mostre o livramento, o milagre, a transformação. Deixe Cristo ser o protagonista da sua história. Afinal, o testemunho não é sobre o tamanho da sua dor, mas sobre o tamanho do Deus que te levantou.

“Anunciarei o teu nome a meus irmãos; louvar-te-ei no meio da congregação.” (Salmo 22:22)

Que cada palavra dita diante da igreja seja luz, não lamento; edificação, não emoção desordenada. Que nossos testemunhos nunca sejam “tristemunhos”, mas cânticos de vitória, proclamando ao mundo que o nosso Deus ainda faz maravilhas!

sábado, 18 de outubro de 2025

A morte do personagem Sargento Lago

 


A morte do personagem Sargento Lago


Quando entrei na Polícia Militar de São Paulo, no início dos anos oitenta, eu não imaginava que aquele jovem de farda nova e alma cheia de sonhos estava, na verdade, iniciando um longo e tortuoso capítulo de uma história que terminaria com a morte — não do homem, mas do personagem: o Sargento Lago.

Era um tempo de esperança. Eu trazia comigo a herança de um lar simples, mas erguido sobre alicerces inabaláveis: fé, disciplina, honestidade e amor. Na bagagem, não havia dinheiro, mas havia sobras generosas de sonhos e coragem. 

Foi essa herança moral, e não o soldo de praça, que me sustentou nas madrugadas frias de plantão, nas dores não ditas, nas lágrimas escondidas sob o quepe. Cada farda suada, cada fuzil apoiado no peito era testemunha de uma juventude entregue ao dever, e ao mesmo tempo, ao desassossego de quem via o mundo mudar sem pedir licença.

Lembro-me com carinho — e um nó na garganta — do meu velho tio, já com cabelos prateados, ainda servindo à corporação. Ver-me chegar a Sargento, laureado de primeiro grau, foi para ele como receber uma medalha que o tempo lhe negara. Apresentava-me com orgulho: “Meu sobrinho já é Sargento e tem PMzito de primeiro grau!” A alegria dele não cabia no peito, e o brilho em seus olhos me dizia que, de algum modo, aquela conquista era nossa. Hoje, olhando para trás, percebo como o mérito era coisa rara em tempos de “quem indica”. O rigor dos critérios transformava cada condecoração em um troféu quase mítico. Hoje, as “couros brancos”, como chamamos as medalhas, multiplicaram-se a tal ponto que perderam o peso da honra. O que antes era símbolo de sacrifício e bravura, banalizou-se na pressa de agradar.

Vieram as glórias, os tombos, os choros e as cicatrizes. Vieram também os projetos que me mantiveram vivo depois da farda.

Na aposentadoria, ainda sentia o sangue cinza bandeirante correr nas veias — não de vaidade, mas de vínculo. Foi assim que nasceram o projeto Policiais Militares do Brasil e o livro Papa Mike – A Realidade do Policial Militar. Um ano inteiro percorrendo o país, ouvindo histórias, filmando, registrando. Cada rosto, cada voz, cada lágrima era um espelho meu.

Também a música me acompanhou. Canções como Rota Tá Tá, Profissão Coragem e Somos a Polícia Militar ecoaram nos quartéis e rádios do Brasil, como hinos de um tempo em que ainda havia brilho no ideal.

Mas o tempo é um mestre silencioso. Ele apaga o brilho das fardas e apura o brilho da alma. Vieram os convites para os aniversários de batalhão, os churrascos, as reuniões de antigos companheiros. Fui a alguns. Depois, já não fui mais. Não era desdém — era distância. Distância de um tempo que ficou preso em fotografias amareladas. Até os meus três CDs, que outrora eram motivo de orgulho, já não despertavam em mim vontade de ouvir.

Um dia, conversando com o coronel Ramírez, amigo dos tempos de estrada, ele me disse emocionado: “Lago, você não pode parar.” Mas dentro de mim, algo já havia parado. Eu sentia que o Sargento Lago — o personagem que o mundo via — já se despedia, devagar, como quem fecha o portão da caserna pela última vez. Então, decidi voltar. Não para os quartéis, mas para as origens.

O menino de outrora, criado num lar evangélico, reencontrou o caminho que os ventos da vida haviam soterrado sob a poeira das vaidades. Voltei para Jesus. E foi como respirar depois de muito tempo debaixo d’água.

Lembrei-me dos cultos domésticos com meus pais e meus treze irmãos. Das orações ao redor da mesa. Das vozes afinadas, meio desafinadas, mas cheias de fé. Recordei os cultos ao ar livre, a luz de lampiões, e o conjunto Libertos por Cristo, com o qual eu cantava meses antes de ingressar na PM, na Assembleia de Deus da Vila Olinda, onde meu pai era pastor.

E como esquecer o círculo de oração que eu mesmo dirigia o conjunto vocal aos dezoito anos, ladeado por senhoras idosas e piedosas, cujas orações pareciam tocar o céu?

Naquele reencontro, compreendi que a morte do Sargento Lago não era uma tragédia — era uma libertação.

O homem que serviu ao Estado por décadas, agora servia a um Reino que não tem fim. E para marcar essa nova caminhada, deixei morrer o sobrenome que simbolizava o passado e ressuscitei o Souza — o nome do meu pai, o mesmo que ostentou com bravura na Segunda Guerra Mundial.

A troca do nome não foi mero capricho: foi um batismo. Um símbolo de ruptura com tudo que me afastara de Deus.

Hoje, componho hinos para o Céu. Enquanto antes eu exaltava os heróis de farda, agora canto sobre o verdadeiro Herói que venceu a morte e salvou a humanidade.

Uma das canções que mais me toca diz: “Aonde eu quero mesmo é morar no Céu.” E é isso mesmo. 

Não há mais honra que se compare à de servir a Jesus.

Se antes a minha voz ecoava em rádios e palcos defendendo a corporação, hoje ecoa através da Web Rádio Pavio Que Fumega, anunciando a mensagem do Evangelho puro e simples.

Não busco holofotes, busco corações.

O rádio, diferente dos palcos, não ilumina o rosto do mensageiro — ilumina a mensagem. E é nela que eu encontro sentido.

O personagem Sargento Lago morreu, sim. Mas o homem — o servo, o crente restaurado — renasceu em Cristo.

Agora, combato outro tipo de guerra: a contra as heresias, os modismos e as distorções que têm banalizado o Evangelho. E sigo em frente, com fé, esperança e a doce certeza de que a farda que hoje visto é espiritual — lavada no sangue do Cordeiro.

Se um dia alguém reler os meus relatórios de vida, quero que encontrem neles apenas uma constatação: “Missão em andamento.” Porque a jornada não terminou — apenas mudou de direção. Antes, eu marchava sob o comando humano; agora, sigo guiado pela vontade de Deus. O mesmo zelo que um dia dediquei à farda, hoje consagro ao Reino dos Céus.

E se algum antigo companheiro de caserna ler estas linhas, deixo aqui mais do que um simples convite — deixo um alerta que pode transformar a sua vida, assim como transformou a minha: Volte-se para Jesus. Ainda há tempo de se alistar no Exército Celestial, onde o Comandante Supremo é o próprio Cristo e onde a vitória já foi conquistada na cruz.

E quando soar o toque final — não o toque da despedida, mas o da vitória — que possamos marchar lado a lado, não mais pelas ruas da cidade, mas pelas ruas de ouro da Nova Jerusalém.










Pregador ou Contador de Histórias? – O Perigo de Desviar a Mensagem do Púlpito

  Pregador ou Contador de Histórias? – O Perigo de Desviar a Mensagem do Púlpito Nos últimos anos, um fenômeno tem se tornado cada vez ma...