terça-feira, 21 de outubro de 2025

Testemunho ou Tristemunho?


 

Testemunho ou Tristemunho?

Reflexão bíblica sobre o verdadeiro propósito de glorificar a Deus

Introdução

O momento do testemunho nas igrejas evangélicas sempre foi uma oportunidade preciosa para edificar os irmãos e glorificar a Deus. É o espaço onde se compartilha a ação de Deus em nossas vidas e o poder transformador da fé. Contudo, tem se tornado comum observar pessoas que transformam esse momento em longos relatos de sofrimento e tragédias, deixando o agir de Deus em segundo plano. O resultado é que, em vez de saírem edificados, os ouvintes saem entristecidos, carregando mais dor do que fé. Surge, então, o que podemos chamar de “tristemunho” — um relato que mais entristece do que testemunha.


O perigo do foco errado

O apóstolo Paulo nos ensina em Filipenses 4:8:

“Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai.”

O foco do testemunho deve ser a glorificação de Deus, e não o detalhamento exaustivo do sofrimento. Quando alguém usa 95% do tempo descrevendo dificuldades e apenas 5% exaltando a intervenção divina, o testemunho perde o seu verdadeiro propósito.

Em vez de “testemunho”, surge o “tristemunho”, no qual a tristeza domina o ambiente e a glória de Deus se perde no meio dos detalhes desnecessários.


O verdadeiro propósito do testemunho

Jesus deixou claro em Mateus 5:16:

“Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus.”

O testemunho tem como objetivo central glorificar a Deus. O sofrimento pode ser mencionado, mas o destaque deve ser o livramento, a cura, a restauração. O apóstolo Paulo, ao relatar suas prisões e provações, sempre encerrava glorificando Cristo:

“Mas em todas estas coisas somos mais do que vencedores, por aquele que nos amou.” (Romanos 8:37)

Ele falava das dificuldades, mas terminava com vitória e louvor.


O risco da autopiedade espiritual

Relatos extensos de sofrimento podem ser uma forma disfarçada de buscar atenção. A pessoa deseja que os outros sintam pena, em vez de glorificar a Deus. Esse comportamento desloca a adoração do Senhor para o próprio “eu”.

João Batista nos lembra em João 3:30:

“É necessário que Ele cresça e que eu diminua.”

Quando damos mais espaço à dor do que à glória de Deus, fazemos exatamente o contrário: diminuímos Cristo e exaltamos o sofrimento.


Como testemunhar biblicamente

Para que o testemunho seja edificante e glorifique a Deus, é importante:

  1. Ser breve nos detalhes do sofrimento — apenas o necessário para contextualizar.

  2. Dar ênfase no agir de Deus — mostrar como Ele interveio, curou, salvou ou restaurou.

  3. Relacionar com a Palavra — conectar a experiência com princípios bíblicos que fortalecem a fé.

  4. Glorificar o Senhor — terminar exaltando o nome de Deus, não a própria superação pessoal.


Conclusão

O verdadeiro testemunho é aquele que faz a igreja olhar para cima, e não para baixo. Ele deve deixar no coração dos ouvintes a certeza de que Deus ainda faz milagres. O “tristemunho”, por outro lado, gera desânimo e tristeza espiritual.

Se Deus operou em sua vida, compartilhe com alegria! Mostre o livramento, o milagre, a transformação. Deixe Cristo ser o protagonista da sua história. Afinal, o testemunho não é sobre o tamanho da sua dor, mas sobre o tamanho do Deus que te levantou.

“Anunciarei o teu nome a meus irmãos; louvar-te-ei no meio da congregação.” (Salmo 22:22)

Que cada palavra dita diante da igreja seja luz, não lamento; edificação, não emoção desordenada. Que nossos testemunhos nunca sejam “tristemunhos”, mas cânticos de vitória, proclamando ao mundo que o nosso Deus ainda faz maravilhas!

sábado, 18 de outubro de 2025

A morte do personagem Sargento Lago

 


A morte do personagem Sargento Lago


Quando entrei na Polícia Militar de São Paulo, no início dos anos oitenta, eu não imaginava que aquele jovem de farda nova e alma cheia de sonhos estava, na verdade, iniciando um longo e tortuoso capítulo de uma história que terminaria com a morte — não do homem, mas do personagem: o Sargento Lago.

Era um tempo de esperança. Eu trazia comigo a herança de um lar simples, mas erguido sobre alicerces inabaláveis: fé, disciplina, honestidade e amor. Na bagagem, não havia dinheiro, mas havia sobras generosas de sonhos e coragem. 

Foi essa herança moral, e não o soldo de praça, que me sustentou nas madrugadas frias de plantão, nas dores não ditas, nas lágrimas escondidas sob o quepe. Cada farda suada, cada fuzil apoiado no peito era testemunha de uma juventude entregue ao dever, e ao mesmo tempo, ao desassossego de quem via o mundo mudar sem pedir licença.

Lembro-me com carinho — e um nó na garganta — do meu velho tio, já com cabelos prateados, ainda servindo à corporação. Ver-me chegar a Sargento, laureado de primeiro grau, foi para ele como receber uma medalha que o tempo lhe negara. Apresentava-me com orgulho: “Meu sobrinho já é Sargento e tem PMzito de primeiro grau!” A alegria dele não cabia no peito, e o brilho em seus olhos me dizia que, de algum modo, aquela conquista era nossa. Hoje, olhando para trás, percebo como o mérito era coisa rara em tempos de “quem indica”. O rigor dos critérios transformava cada condecoração em um troféu quase mítico. Hoje, as “couros brancos”, como chamamos as medalhas, multiplicaram-se a tal ponto que perderam o peso da honra. O que antes era símbolo de sacrifício e bravura, banalizou-se na pressa de agradar.

Vieram as glórias, os tombos, os choros e as cicatrizes. Vieram também os projetos que me mantiveram vivo depois da farda.

Na aposentadoria, ainda sentia o sangue cinza bandeirante correr nas veias — não de vaidade, mas de vínculo. Foi assim que nasceram o projeto Policiais Militares do Brasil e o livro Papa Mike – A Realidade do Policial Militar. Um ano inteiro percorrendo o país, ouvindo histórias, filmando, registrando. Cada rosto, cada voz, cada lágrima era um espelho meu.

Também a música me acompanhou. Canções como Rota Tá Tá, Profissão Coragem e Somos a Polícia Militar ecoaram nos quartéis e rádios do Brasil, como hinos de um tempo em que ainda havia brilho no ideal.

Mas o tempo é um mestre silencioso. Ele apaga o brilho das fardas e apura o brilho da alma. Vieram os convites para os aniversários de batalhão, os churrascos, as reuniões de antigos companheiros. Fui a alguns. Depois, já não fui mais. Não era desdém — era distância. Distância de um tempo que ficou preso em fotografias amareladas. Até os meus três CDs, que outrora eram motivo de orgulho, já não despertavam em mim vontade de ouvir.

Um dia, conversando com o coronel Ramírez, amigo dos tempos de estrada, ele me disse emocionado: “Lago, você não pode parar.” Mas dentro de mim, algo já havia parado. Eu sentia que o Sargento Lago — o personagem que o mundo via — já se despedia, devagar, como quem fecha o portão da caserna pela última vez. Então, decidi voltar. Não para os quartéis, mas para as origens.

O menino de outrora, criado num lar evangélico, reencontrou o caminho que os ventos da vida haviam soterrado sob a poeira das vaidades. Voltei para Jesus. E foi como respirar depois de muito tempo debaixo d’água.

Lembrei-me dos cultos domésticos com meus pais e meus treze irmãos. Das orações ao redor da mesa. Das vozes afinadas, meio desafinadas, mas cheias de fé. Recordei os cultos ao ar livre, a luz de lampiões, e o conjunto Libertos por Cristo, com o qual eu cantava meses antes de ingressar na PM, na Assembleia de Deus da Vila Olinda, onde meu pai era pastor.

E como esquecer o círculo de oração que eu mesmo dirigia o conjunto vocal aos dezoito anos, ladeado por senhoras idosas e piedosas, cujas orações pareciam tocar o céu?

Naquele reencontro, compreendi que a morte do Sargento Lago não era uma tragédia — era uma libertação.

O homem que serviu ao Estado por décadas, agora servia a um Reino que não tem fim. E para marcar essa nova caminhada, deixei morrer o sobrenome que simbolizava o passado e ressuscitei o Souza — o nome do meu pai, o mesmo que ostentou com bravura na Segunda Guerra Mundial.

A troca do nome não foi mero capricho: foi um batismo. Um símbolo de ruptura com tudo que me afastara de Deus.

Hoje, componho hinos para o Céu. Enquanto antes eu exaltava os heróis de farda, agora canto sobre o verdadeiro Herói que venceu a morte e salvou a humanidade.

Uma das canções que mais me toca diz: “Aonde eu quero mesmo é morar no Céu.” E é isso mesmo. 

Não há mais honra que se compare à de servir a Jesus.

Se antes a minha voz ecoava em rádios e palcos defendendo a corporação, hoje ecoa através da Web Rádio Pavio Que Fumega, anunciando a mensagem do Evangelho puro e simples.

Não busco holofotes, busco corações.

O rádio, diferente dos palcos, não ilumina o rosto do mensageiro — ilumina a mensagem. E é nela que eu encontro sentido.

O personagem Sargento Lago morreu, sim. Mas o homem — o servo, o crente restaurado — renasceu em Cristo.

Agora, combato outro tipo de guerra: a contra as heresias, os modismos e as distorções que têm banalizado o Evangelho. E sigo em frente, com fé, esperança e a doce certeza de que a farda que hoje visto é espiritual — lavada no sangue do Cordeiro.

Se um dia alguém reler os meus relatórios de vida, quero que encontrem neles apenas uma constatação: “Missão em andamento.” Porque a jornada não terminou — apenas mudou de direção. Antes, eu marchava sob o comando humano; agora, sigo guiado pela vontade de Deus. O mesmo zelo que um dia dediquei à farda, hoje consagro ao Reino dos Céus.

E se algum antigo companheiro de caserna ler estas linhas, deixo aqui mais do que um simples convite — deixo um alerta que pode transformar a sua vida, assim como transformou a minha: Volte-se para Jesus. Ainda há tempo de se alistar no Exército Celestial, onde o Comandante Supremo é o próprio Cristo e onde a vitória já foi conquistada na cruz.

E quando soar o toque final — não o toque da despedida, mas o da vitória — que possamos marchar lado a lado, não mais pelas ruas da cidade, mas pelas ruas de ouro da Nova Jerusalém.










sexta-feira, 17 de outubro de 2025

Do Altar ao Palácio: Onde está a Coragem de João Batista?

 

Foto: Ricardo Stuckert / PR

Do Altar ao Palácio: Onde está a Coragem de João Batista?

Por Samuel Souza

Recentemente, um dos maiores líderes religiosos do nosso país fez uma visita ao presidente da República. A cena, amplamente divulgada, mostrou sorrisos, elogios e gestos de cortesia diante de um governo que, notoriamente, representa uma ideologia contrária aos princípios do cristianismo bíblico.

Não se trata aqui de política partidária — trata-se de princípios espirituais. A esquerda ideológica, que tem sido defensora de pautas como o aborto, a ideologia de gênero, a relativização da família e o desprezo pelas Escrituras, não pode, sob hipótese alguma, ser vista como parceira do Reino de Deus. “Porque que comunhão há entre a luz e as trevas? E que concórdia há entre Cristo e Belial?” (2 Coríntios 6:14-15).

O que entristece o coração dos que amam a verdade é perceber que, diante desse encontro, muitas vozes outrora respeitadas por sua firmeza se calaram — e algumas, para piorar, se apressaram em endossar o gesto. Pastores, cantores, influenciadores “gospel” e líderes regionais apressaram-se em postar mensagens de apoio, talvez não por convicção, mas por conveniência. Buscam manter o prestígio, garantir convites, preservar o olhar favorável de quem ocupa posição de destaque. É o flerte com a serpente — o mesmo que seduziu Eva, agora disfarçado de cordialidade institucional e “diálogo cristão”.

O que está em jogo não é uma fotografia, mas um símbolo. Quando um homem que representa a fé de milhões se curva diante de um poder que afronta os valores do Reino, não é apenas ele que se ajoelha — é toda uma geração de crentes que observa e, confusa, passa a achar que alianças com o sistema do mundo são aceitáveis.


Onde estão os profetas de outrora?


Onde estão os homens que, como João Batista, não temiam perder o pescoço, mas jamais calavam a verdade? Ele olhou para Herodes e disse: “Não te é lícito possuir a mulher de teu irmão” (Marcos 6:18).
Não havia bajulação, não havia política — havia temor de Deus. João perdeu a cabeça, mas não perdeu a honra de ter sido fiel até o fim.

Hoje, o que mais falta não é poder, influência ou microfone — é autoridade espiritual. Aquela que não se compra com likes, nem se negocia com abraços em gabinetes. Autoridade vem do altar, e o altar só se mantém aceso quando há sacrifício, renúncia e separação do mundo. A Palavra diz: “Adúlteros e adúlteras, não sabeis vós que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto, qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus.” (Tiago 4:4).


Este alerta não é de ódio, é de zelo.


A Igreja do Senhor precisa despertar. Os que ainda têm influência — seja sobre uma multidão ou apenas dentro da própria casa — precisam erguer a voz e dizer: “Não!” Não à conivência com o erro. Não ao aplauso político travestido de diplomacia. Não à busca por prestígio em detrimento da verdade.

A história nos mostra que o preço da omissão é sempre alto. Quando os profetas se calam, as serpentes falam. E é justamente por amor à verdade que precisamos nos indignar — santa indignação, que não nasce do orgulho, mas do Espírito Santo.

Ainda há tempo de se arrepender, de voltar ao primeiro amor, de rasgar o coração diante do altar e lembrar: “É melhor agradar a Deus do que aos homens” (Atos 5:29).

Que o Senhor levante novamente uma geração que não se curva ao sistema, que não negocia princípios e que, ainda que perca o aplauso dos grandes, conserve o favor do Céu.

Porque, no fim das contas, o trono que realmente importa não está em Brasília, está no alto e sublime lugar, de onde o Senhor reina eternamente.

terça-feira, 14 de outubro de 2025

Arrebatamento: A qualquer momento ele pode acontecer

 


Arrebatamento: A qualquer momento ele pode acontecer

Por Samuel Souza

Hoje pela manhã, enquanto preparava o meu café, o Espírito Santo soprou forte em meu coração uma palavra: “Arrebatamento.” Veio tão viva e expressiva que imediatamente gravei uma breve saudação aos ouvintes da Rádio Pavio Que Fumega, compartilhando essa reflexão que me visitava logo no início do dia.

Mais tarde, já na emissora, envolvido na produção do programa “Crente Inteligente,” acabei me esquecendo do assunto. O programa seguiu seu curso e, curiosamente, foi inteiramente de exortação — daqueles em que o Espírito fala de forma tão direta que até o apresentador se surpreende. Ao final, até comentei ao vivo: “Irmãos, até eu estou achando estranho o rumo de hoje!”

Mas logo veio a confirmação: a irmã Maria do Carmo, de Rio Paranaíba (MG), enviou uma mensagem dizendo que o programa estava exatamente dentro do tema que eu havia mencionado pela manhã — o arrebatamento. Foi então que percebi: em todos os programas, costumo pedir que o Espírito Santo tenha liberdade total e dirija cada palavra. E Ele dirigiu.

O que é “arrebatamento”?

A palavra “arrebatamento” vem do verbo “arrebatar”, que no original grego do Novo Testamento é harpazo, significando “tomar com força”, “tirar rapidamente”, “arrebatar de modo súbito”. A ideia é de algo feito de repente, com poder, e sem aviso prévio.

A Bíblia fala claramente desse evento no texto de 1 Tessalonicenses 4:16-17, onde o apóstolo Paulo declara:

“Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor.”

O arrebatamento, portanto, é o momento em que Cristo virá buscar a Sua Igreja, não ainda para o julgamento do mundo, mas para reunir os salvos — os que morreram em Cristo e os que estiverem vivos e fiéis naquele instante.

Um evento súbito e certo

Jesus advertiu em Mateus 24:42-44:

“Vigiai, pois, porque não sabeis a que hora há de vir o vosso Senhor... Por isso, estai vós também apercebidos; porque o Filho do Homem há de vir à hora em que não penseis.”

Essa é a essência do arrebatamento: um acontecimento inesperado, repentino e inevitável. O Senhor virá “como ladrão de noite” (1 Tessalonicenses 5:2), não para roubar, mas para tomar para Si aquilo que Lhe pertence — a Sua Noiva, a Igreja.

Coletivo ou individual

E é aqui que o Espírito nos faz refletir com temor e sobriedade: o arrebatamento pode acontecer de forma coletiva — quando Cristo vier para toda a Igreja — ou individualmente, quando cada um de nós for chamado deste mundo para a eternidade.

Quantos irmãos e irmãs fiéis têm sido recolhidos de forma inesperada! E muitas vezes Deus usa essas partidas para nos lembrar que “a qualquer momento Ele pode vir” — seja para todos, seja para mim ou para você, de modo pessoal.

Um chamado à vigilância

O fato de o Espírito Santo ter trazido esse tema de volta, mesmo quando eu o havia esquecido, mostra algo importante: o Senhor quer que Seu povo volte a lembrar do arrebatamento. Em tempos de distração espiritual e amor esfriando, precisamos reacender a chama da esperança bendita.

Como disse Paulo a Tito:

“Aguardando a bem-aventurada esperança e o aparecimento da glória do grande Deus e nosso Salvador Jesus Cristo.” (Tito 2:13)

A mensagem do arrebatamento não é para causar medo, mas para despertar fé e santidade. É o lembrete de que somos peregrinos, e o nosso lar verdadeiro é celestial.

Conclusão

Enquanto preparava o café, o Espírito me fez pensar no arrebatamento; enquanto apresentava o programa, Ele me fez viver o arrebatamento — não o evento em si, mas a urgência dele.
Percebi que, mesmo quando esquecemos o tema, Deus não esquece. Ele quer que Sua Igreja volte a falar, cantar, pregar e viver como quem aguarda o Noivo.

Porque, como está escrito em Apocalipse 22:12:

“E eis que cedo venho, e o meu galardão está comigo, para dar a cada um segundo a sua obra.”

O arrebatamento é real. É iminente. E o Espírito está nos lembrando — a qualquer momento Ele pode acontecer.

“Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.” (Apocalipse 3:22)

quinta-feira, 9 de outubro de 2025

Oportunidade: Como Abrir a Porta Certa sem Forçar a Fechadura

 


Oportunidade: Como Abrir a Porta Certa sem Forçar a Fechadura

Todos nós, em algum momento, desejamos uma oportunidade — seja no trabalho, na vida ministerial, no campo artístico ou mesmo em simples relacionamentos do dia a dia. Oportunidade é como uma porta: está lá, mas não se abre com empurrões ou gestos bruscos. Ela se abre com a chave certa — e essa chave se chama preparo, dedicação e, sobretudo, confiança no tempo de Deus.

Muitas pessoas confundem o caminho. Tentam conquistar oportunidades buscando a atenção de forma exagerada, tornando-se artificiais. Fazem média, tentam estar sempre em evidência, como se a visibilidade fosse o único caminho para o êxito. Porém, tudo o que é forçado soa estranho, gera desconfiança e pode, ao invés de abrir portas, fechá-las ainda mais.

O erro de cavar visibilidade artificial

É fácil identificar quando alguém está se esforçando para parecer maior do que é. O “oferecido” quase sempre é visto com ressalvas. O desejo de ser lembrado é legítimo, mas quando se transforma em insistência desmedida ou em uma exposição desnecessária, o resultado pode ser desastroso.

Um exemplo prático: em nossa rádio Pavio Que Fumega, recebemos frequentemente composições autorais. É uma alegria ver que ainda existem pessoas produzindo louvores para edificação do corpo de Cristo. Porém, alguns artistas cometem erros fatais ao tentar conquistar espaço. Enviam dezenas de áudios no WhatsApp, sem qualquer apresentação, sem contexto, apenas com o nome do cantor. Outros disparam releases para o e-mail da rádio, sem sequer avisar ou fazer contato de forma respeitosa.

Esse tipo de atitude, em vez de gerar interesse, acaba produzindo indiferença. Não porque não valorizamos a produção, mas porque ninguém tem a obrigação de dar atenção a algo que não foi apresentado com zelo. O mínimo que se espera é um contato educado, uma breve apresentação, um cuidado em mostrar o que há de melhor na obra.

Oportunidade se constrói, não se implora

Quer oportunidade para cantar, pregar, dar uma entrevista ou mesmo crescer profissionalmente? O segredo é o mesmo: faça o que você sabe fazer com excelência. Entregue sua melhor versão, seja no pequeno ou no grande.

  • Se deseja pregar, comece estudando com seriedade, vivendo o que prega, servindo na sua congregação local. O púlpito não é palco de testes, mas espaço de responsabilidade.

  • Se deseja conceder entrevistas, prepare-se para falar com clareza, saiba contar sua história, e acima de tudo, tenha conteúdo que realmente edifique.

  • Se deseja reconhecimento no ambiente profissional, não se preocupe tanto em agradar pessoas. Foque em ser eficiente, pontual, confiável. As oportunidades surgem naturalmente para quem está pronto.

O apóstolo Paulo aconselhou a Timóteo: “Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade” (2Tm 2.15). Esse é o segredo: apresentar-se aprovado diante de Deus. No tempo certo, Ele abre as portas que ninguém pode fechar.

Seja visto, mas sem forçar

É claro que não se trata de viver escondido. O talento precisa de visibilidade, mas ela deve vir de maneira natural. Participar de atividades, envolver-se em projetos, compartilhar sua obra com dedicação e humildade são caminhos legítimos para ser percebido. Mas lembre-se: tudo o que é forçado soa artificial.

A boa apresentação é uma arte. Quem quer mostrar sua canção, sua mensagem ou seu trabalho precisa pensar não apenas no conteúdo, mas também na forma de apresentá-lo. O modo como você se aproxima, o respeito com que escreve, a paciência em esperar o retorno — tudo isso fala mais alto do que mil pedidos insistentes.

O caminho certo

Oportunidade não se conquista pedindo, mas merecendo. Não se mantém na base da bajulação, mas do valor real. Não se alcança forçando portas, mas com a chave do preparo, da humildade e da confiança em Deus.

Portanto, se você deseja ter espaço — na música, na pregação, no trabalho ou na vida — dedique-se a ser excelente onde está. Permita que seu talento fale mais alto que sua ansiedade. E nunca se esqueça: no tempo de Deus, a porta certa se abrirá, e quando Ele abre, ninguém pode fechar.


quarta-feira, 8 de outubro de 2025

Quando o Ministério Vira Negócio: O Erro da Ostentação nos Púlpitos

 


Quando o Ministério Vira Negócio: O Erro da Ostentação nos Púlpitos

Em tempos de profundas desigualdades sociais, é preciso lançar luz sobre uma realidade cada vez mais visível (e desconfortável) dentro de muitas igrejas: a transformação do ministério cristão em carreira lucrativa, sustentada por fiéis que muitas vezes mal têm o básico em casa.

Cantores gospel, pregadores e pastores — muitos deles com histórico de fracasso em suas carreiras seculares — encontraram na fé não só um recomeço espiritual, mas uma oportunidade de ascensão financeira. Até aí, tudo bem: prosperar com dignidade não é pecado. O problema é quando esse “sucesso” vem acompanhado de ostentação, uso irresponsável de recursos da igreja e um distanciamento vergonhoso da realidade de grande parte dos membros.


Ministério: chamado ou meio de vida?

A Bíblia é clara: o ministério não é profissão, é vocação. O apóstolo Paulo, mesmo sendo digno de sustento por seu trabalho, recusava ajuda financeira para não escandalizar os novos convertidos:

“De ninguém cobicei prata, nem ouro, nem vestes. Vós mesmos sabeis que estas mãos serviram para o que me era necessário, a mim e aos que estavam comigo.”
(Atos 20:33-34)

A atitude de Paulo é um contraste gritante com líderes atuais que acumulam riquezas e fazem questão de exibir isso em suas redes sociais, púlpitos e eventos.


Luxo pago com dinheiro dos fiéis

Um ponto ainda mais sensível é o uso da tesouraria da igreja para bancar confortos que beneficiam apenas o ego e a imagem do líder.

Banquetes caros, hospedagens de luxo para convidados, ofertas generosas em nome da “honra ao pregador” — tudo para reforçar a imagem de “igreja de sucesso”, que na verdade gira em torno do prestígio do pastor.

Mas quem está pagando essa conta?

Certamente, não é o líder do próprio bolso. São os membros da igreja: homens e mulheres que acreditam contribuir para missões, obras sociais e expansão do Reino, mas que, na prática, estão financiando eventos de autopromoção pastoral.

O Evangelho, assim, vai sendo diluído em performances, status e marketing religioso.


A ostentação é um escândalo espiritual

A pergunta que ecoa é simples: Jesus faria isso?

“As raposas têm covis, e as aves do céu têm ninhos, mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça.”
(Mateus 8:20)

Se o próprio Cristo viveu de forma simples, por que seus seguidores mais visíveis se sentem tão à vontade em viver como celebridades, enquanto seus irmãos em Cristo sofrem necessidades básicas?

Não estamos falando aqui contra o sustento legítimo do obreiro — isso é bíblico (1Tm 5:18). Mas há uma enorme diferença entre sustento digno e vida de luxo sustentada pela fé alheia.


A fé não é palco para vaidade

É triste ver que muitos só “deram certo na vida” depois de entrarem no ministério. Usam o púlpito como palco, e os dons que receberam como ferramentas de autopromoção. Como disse Jesus:

“Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz, e siga-me.”
(Mateus 16:24)

O ministério não é sobre conquistar fama ou estabilidade financeira — é sobre servir. Muitos líderes parecem ter esquecido disso.


A empatia que falta

Num país onde milhões de brasileiros vivem com o mínimo, onde mães lutam para alimentar seus filhos e famílias inteiras sobrevivem sem acesso à saúde básica, a ostentação de líderes religiosos é um verdadeiro tapa na cara do Evangelho.

“Em tudo o que fiz, mostrei-lhes que mediante trabalho árduo devemos ajudar os fracos, lembrando as palavras do próprio Senhor Jesus, que disse: ‘Há maior felicidade em dar do que em receber.’”
(Atos 20:35)

É hora de voltar à essência

A crítica aqui não é ao dinheiro — é ao mau uso dele. Não é contra a prosperidade — é contra a ostentação irresponsável. E principalmente: não é contra o sustento ministerial — mas contra a comercialização da fé.

Pastores e líderes devem lembrar: estão sendo observados. Seus estilos de vida não apenas inspiram ou escandalizam, mas também ensinam — ainda que de forma implícita — o que a igreja valoriza de verdade.

“Ai dos pastores que destroem e dispersam as ovelhas do meu pasto, diz o Senhor.”
(Jeremias 23:1)

É hora de arrependimento. De mudança de postura. E de responsabilidade diante de Deus e das ovelhas.


Que tipo de líder queremos ser?

Aos que têm chamado verdadeiro: sirvam com humildade. A quem Deus confiou recursos: administrem com temor. A quem Deus deu influência: usem-na para edificar, não para se promover.

Que o ministério volte a ser altar, e não vitrine.


quarta-feira, 1 de outubro de 2025

Ética não se negocia: o compromisso da Rádio Pavio Que Fumega

 


Ética não se negocia: o compromisso da Rádio Pavio Que Fumega

Vivemos em um tempo em que muitos abriram mão da verdade em troca de audiência, relevância ou lucro. O ambiente cristão não está imune a isso. Cantores que já não cantam sobre Cristo, pregadores que já não pregam arrependimento e cruz, mas palestras de autoajuda, e empresas que oferecem produtos cheios de promessas vazias ocupam espaço até em púlpitos e meios de comunicação ditos evangélicos.

Na Rádio Pavio Que Fumega, porém, há um princípio inegociável: a ética do Evangelho vem antes da conveniência. Por isso, cada louvor que é tocado, cada convidado que participa e cada anúncio que entra em nossa programação passa por um crivo rigoroso. O critério não é o gosto do público, mas a fidelidade à Palavra de Deus.

Quanto aos louvores, não nos interessa música que fala de tudo, menos de Jesus Cristo e da sua obra salvadora. Se a letra não exalta o Cordeiro de Deus, se não aponta para a cruz e não conduz o ouvinte à adoração genuína, não serve para nossa programação. O culto não é entretenimento, é serviço a Deus.

Quanto aos convidados, não abrimos espaço para quem se apresenta como artista gospel, influenciador ou coach espiritual. O Reino precisa de servos, não de celebridades. Queremos gente que viva aquilo que prega, que demonstre humildade e temor do Senhor, e não vaidade em redes sociais. Estamos cansados de performers religiosos e carentes de homens e mulheres que se dobrem diante de Deus em espírito e em verdade.

Quanto aos anúncios, sabemos que uma emissora precisa de recursos para se manter. Há contas a pagar, equipamentos a manter e compromissos a honrar. Mas jamais venderemos espaço para produtos que iludem ou exploram a boa-fé do povo. O Evangelho não é ilusão, é verdade que liberta. Assim, não podemos permitir que nossa grade seja usada para prometer milagres enlatados, curas instantâneas ou soluções mágicas. É melhor caminhar com pouco, mas com integridade, do que encher os cofres à custa da mentira.

A ética bíblica é a âncora da Rádio Pavio Que Fumega. Preferimos ser criticados por sermos seletivos do que sermos cúmplices do engano. Preferimos depender do Senhor do que negociar valores para agradar homens. A Palavra de Deus nos lembra que “os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade” (João 4:23). É isso que buscamos.

Em um mundo onde a fé tem sido transformada em espetáculo e o Evangelho em produto, reafirmamos: nossos valores não estão à venda.


Testemunho ou Tristemunho?

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